“Eu vim para que todos tenham vida” (Jo, 10,10)
Caríssimas irmãs e irmãos em Cristo, queremos meditar neste tempo enquanto Cristãs e Cristãos, sob as bênçãos de São João, São Pedro e São Paulo, sobre um tema bastante relevante do ponto de vista atual: a defesa da vida e da dignidade humana dentro da nossa sociedade.
Parece bastante nítido que para falarmos sobre este tema é preciso traçar a relação de causa e consequência para podermos tentar aprofundar a reflexão.
A velocidade em que as informações e notícias nos chegam atualmente certamente vem surpreendendo a cada um de nós, na mesma velocidade nos deparamos com os julgamentos, cada vez mais comuns sobre a ótica que mais convém naquele momento.
Ocorre ainda, infelizmente, certa inversão dos valores cristãos e a corrida por tudo que não nos preenche verdadeiramente, provocando angústia, infelicidade e tristeza nos corações. Esse ambiente em nada contribui para uma das ações mais nobres aos olhos do Pai: a compaixão.
“Assim diz o Senhor dos Exércitos: Administrem a verdadeira justiça, mostrem misericórdia e
compaixão uns para com os outros. Não oprimam a viúva e o órfão, nem o estrangeiro e o
necessitado. Nem tramem maldades uns contra os outros” (Zacarias 7,9-10).
Qual é o nosso sentimento e atitude de cristãos quando ouvimos a famosa frase “bandido bom é bandido morto”? Podemos tomar por base exemplos bastante recentes para nossa reflexão: um dos 154 homens/mulheres mortos diariamente no Brasil, na sua grande maioria negros das periferias (cf. mapadaviolência.org.br) ou o caso da dona de casa Fabiane Maria Jesus de Guarujá/SP, espancada até a morte após boatos em redes sociais.
Estamos também nos indignando e sendo compassivos quando a pessoa humana fragilizada é atingida ainda mais, como nos hospitais, ruas, abrigos, etc.? Quanto a corrupção no nosso país (não importa o tamanho) tira dessas pessoas que mais precisam? Estou vigilante e atento, sobretudo por conta dos pequenos do reino?
A lógica que Jesus Cristo ensinou contrariando tudo que não privilegia a pessoa humana se atualiza dentro de nós à medida que Deus invade nosso coração, mente e sobretudo as nossas mãos. Sim, nossas mãos devem falar por nós e estar servindo a continuidade do Reino que Jesus inaugurou com sua vinda (Nova Aliança).
Podemos ainda tentar entender se a justiça está do nosso lado e dos que sofrem ou foram violentados. Não nos seduzamos pelas justiças do século XXI que mais se aproximam das medievais, como espancar pessoas amarradas em postes, tatuagem na testa, etc. Cabe a nós, conforme passagem de Zacarias acima, apenas administrar a verdadeira justiça, pois o Filho do Homem se declara Rei e Juiz de todas as nações. É a glória devida a Seu triunfo sobre a cruz, pois Ele é o poder de Deus e a Sua sabedoria (cf. I Cor 1,24).
A parábola da ovelha perdida (Lucas 15,3-7) nos diz muito para os dias atuais, pois a alegria do Senhor em encontrar cada um de nós que eventualmente podemos estar perdidos é enorme: “Alegrem-se comigo, pois encontrei minha ovelha perdida. Eu lhes digo que, da mesma forma, haverá mais alegria no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não precisam arrepender-se“. E assim irmãs e irmãos, que sejamos sal e luz do mundo sempre protegendo a cultura da vida frente à lógica do descarte, lembrando da exortação do Papa Francisco, Evangelii Gaudium, que fala da necessidade de dizer “não” à economia da exclusão e da injustiça, uma economia que mata e considera o ser humano como um bem de consumo.
Que Frei Galvão nos abençoe e guarde. Amém!
Por Marcel Murayama
Coordenador Paroquial dos Ministros da Palavra, Comunidade Santana
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